sexta-feira, 8 de outubro de 2010


quarta-feira, 10 de março de 2010

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Convite


quarta-feira, 28 de outubro de 2009

AVISO

Bom dia!

Os ensaios desta semana para o musical de Natal são: sexta-feira dia 30 às 21:00 na capela das Antas e dia 31 às 16:00 na capela do centro de estaca, na sala da sociedade socorro, logo de seguida haverá às 18:00 a festa de Halloween, para todos, organizada pelo centro dos jovens.

Esta semana já fizemos alguns avanços, vimos com satisfação que alguns dos participantes já sabem as suas falas de cor, assim como a sua personalidade. Pedimos a todos que se esforcem um pouco mais, que possam estudar o guião em casa, decorar as suas falas e perceber que tipo de personalidade tem a sua personagem. Só com esforço e dedicação é que conseguimos os nossos objectivos.

Obrigada por todos os vossos esforços, e por vossa dedicação aos ensaios.

Aqui vai novamente o Guião para quem ainda não o tem, imprimam e usem-no para decorar a vossas falas, quem tiver dificuldade em imprimir o guião por favor avise para que possamos providenciar para o próximo ensaio.

Não faltem aos ensaios o tempo está a passar velozmente e quando dermos por isso estaremos em cima do dia da apresentação.

Cumprimentos

Liliana Sousa

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

CARTAZES



quarta-feira, 14 de outubro de 2009

AVISO

Meus amigos!

O Horário dos ensaios para o musical de Natal sofreu alterações, esta semana será sexta dia 16 às 21:00 na capela das Antas e Sábado dia 17 às 16:30 na capela de Gaia 1.

A partir de agora os ensaios passarão a ser todas as quintas-feiras (excepto esta semana) e todos os sábados às 16:30, o horário dos ensaios à quinta-feira será anunciado posteriormente.

Os ensaios desta semana serão dados pelo Sérgio Martins (Eu, a Sílvia e o Ricardo vamos estar no Templo, por esse mesmo motivo não estaremos nos ensaios), será uma excelente oportunidade para avançarmos mais nas músicas e na peça.

Ficamos animados ao ver caras novas no ensaio de domingo, como a Catarina, a Melissa, a Vitoria, o Luís, o Samuel, é bom ter-vos connosco.

“Sempre fiéis nossa fé guardaremos, sempre valentes com amor lutaremos, a nossa mão e o coração a teu serviço Senhor estão.”

Membros dos comités, domingo dia 18 de Outubro às 17 horas na capela de Gaia 1 teremos reunião de comités, não faltem.

Não faltem, sexta às 21 na capela das Antas

Liliana Sousa

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Guião Parte 1


Musical

Mrs. Scrooge

“Sra Tostão”

Baseado no livro de Charles Dickens

“A Christmas Carol”

Personagens: (as idades apresentadas a baixo sao as apresentadas na peça, se tal for necessario os actores poderão ser mais velhos ou mais novos consoante o que se necessite)

Com falas

  • Eliza Pereira Tavares – Mulher rica e avarenta
  • Flora Oliveira – Empregada da Srª Tavares, é “explorada”
  • Maria Pereira – Sobrinha da Srª Tavares, é uma pessoa enérgica/vivaz, 10 anos
  • Sr. Santos/Fantasma do Natal Passado – Humilde representante do orfanato
  • Madalena Vinhas Tavares – Fantasma da mãe de Eliza
  • João Tavares/Fantasma do Natal Presente – Esposo falecido da Srª Tavares
  • Martim Oliveira – Esposo de Flora, é deficiente motor/cadeira de rodas
  • Patricia Oliveira – Filha mais velha dos Oliveira, 17 anos
  • Bruno Oliveira – O mais velho dos rapazes, 12 anos, mas parecerá mais velho
  • Ernesto Oliveira – O filho mais novo, 10 anos, mas parecerá mais velho
  • Tamara Oliveira – A mais nova de todos os filhos, 5 anos.

    (mas convém que seja um pouco mais velha por causa das falas que tem)

  • Guilherme Andrade – Pretendente da Patricia
  • Bárbara Junqueira – Cozinheira da Srª Tavares, tem opinião sobre tudo

Figurantes e cantores de ensemble

  • Fantasma do Natal Futuro
  • Dois Pedintes
  • Dono da Loja de Penhores
  • Dr. Valadas
  • Juiz Henrique Gaspar

  • Coro de Jovens Irrequietos(miúdos de rua)
  • Vendedores
  • Pessoas que fazem as suas compras de Natal
  • Pessoas estação de comboios
  • Coro de uma associação de beneficiencia
  • Pai Natal
  • Policia
  • Outros

Números musicais:

Acto 1

Overture Instrumental

Abertura Todos

Senhora Tostão Jovens traquinas

Christmastime Todos

There’s a lot to be thankful for Maria

Christmas Eliza/Coro

My own room Maria/Flora

Evening Prayer Martim/Patricia/Bruno/Ernesto/Tamara

I’d like to get to know you Guilherme/Patricia

Senhora Tostão (reprise) Jovens traquinas

Dry your eyes Flora

Oh, Eliza dear/It’s a dream Madalena/Eliza

Acto 2

Entre actos Instrumental

Nascimento de Eliza/Nascimento de Eduardo/Colégio Interno Coro

Baile Instrumental

Marcha Funebre (I) Instrumental

Christmastime (reprise) Coro

Table Blessing Martim/Flora/Patricia/Bruno/Ernesto/Tamara/Guilherme

Go ‘way Maria

Marcha Funebre (II) Instrumental

What’ll ya Gimme Srª Junqueira

A Brand New Day Eliza

Deck the Hall (Tradicional) Coro

There’s a lot to be thankful for Todos da cena 4

Srª Tavares Todos

Venias/agradecimentos Instrumental

Acto 1

Overture – Tudo em um

(Abre a cortina. Entardecer. Uma montagem das ruas da baixa do Porto. Todos em palco tentam mostrar a azáfama das últimas semanas antes do Natal. Vemos pedintes a tentar vender as suas coisas a varias pessoas que passam na rua. Um grupo de jovens tenta roubar algo de um vendedor de rua distraído enquanto um policia caminhando lentamente, mantém a paz. Um Pai Natal com o seu sino compete com o coro de uma associação de beneficência à medida que a overture chega ao fim – ver imagem 1. Cortina fecha e todos se reúnem no centro do Palco. Abre cortina, luz sobre o grupo que canta o texto a seguir como uma introdução à narrativa da história – ver imagem 2.)

CANÇÃO: ABERTURA

TODOS:

ONCE THERE WAS A WOMAN WHO,

DESPITE THAT SHE WAS WELL-TO-DO,

REFUSED TO SHARE HER WEALTH WITH THOSE IN NEED.

ELIZA TUPPER WAS HER NAME,

AND THROUGH THE YEARS HER NAME BECAME

SYNONYMOUS WITH BITTERNESS AND GREED.

SHE DIDN’T LIKE TO SPEND A DIME

ESPECIALLY AT CHRISTMAS TIME,

ALTHOUGH WE KNOW HER FORTUNE WAS HUGE.

SO FOLKS BEGAN COMPARING HER

TO CHARLES DICKENS’ CHARACTER,

AND CALLED HER MRS. SCROOGE.

(O grupo dispersa mostrando Eliza Pereira Tavares, uma mulher mal-humorada com os seus 60 anos, que atravessa o palco da direita para a esquerda e é ladeada pelo grupo de jovens. – ver imagem 3)

CANÇÃO: SENHORA SCROOGE

GRUPO DE JOVENS IRREQUIETOS:

MISSUS SCROOGE, MISSUS SCROOGE,

PINCHES EV’RY PENNY.

SHE HAS GOT SUCH A LOT

AND WE DON’T HAVE ANY!

eLIZA: (Para o grupo de jovens) O meu NOME é Elizabete Pereira Tavares. E para vocês sou SENHORA TAVARES. Não vejo porque me chamam esse nome tolo e irritante. Que disparate! Porque não vão mas é trabalhar para uma fábrica ou qualquer outro sítio em que possam ser úteis à sociedade! (Ela sai de cena amuada e os jovens começam a reagir aos seus comentários, mas a cortina fecha)

Cena I

(Abre a cortina. Casa de Eliza. Mobília antiga, simples mas elegante. Um bengaleiro, um sofá, escrivaninha, cadeira e candeeiro. – ver imagem 4. Eliza está sentada e a escrever algo na escrivaninha. A governanta, Flora Oliveira, uma mulher magra com os seus trinta e muitos anos, um pouco atormentada pelas responsabilidades e afazeres da vida entra em cena com um telegrama para Eliza.)

FLORA: Senhora Tavares, isto acabou de chegar para si.

ELIZA: (sem desviar o olhar do que está a escrever) O que é? Outra conta?

FLORA: Não minha Senhora, é um telegrama.

ELIZA: Não fiques aí parada. Lê!

FLORA: Mas senhora… pode ser um assunto pessoal que não me diga respeito.

ELIZA: Duvido muito, Flora. Deve ser um daqueles solicitadores a pedir dinheiro outra vez. Vá lá, despacha-te a abrir isso. Estou a envelhecer a cada segundo que passa!!

FLORA: Bem, se insiste… (LÊ) Senhora Elizabete Pereira Tavares, Avenida da Boavista, Porto. Lamento informar que seu irmão Eduardo Pereira e sua esposa Francisca, (em choque) morreram num acidente de viação… Minha santa mãe!!

ELIZA: É só isso?

FLORA: Não, ainda tem mais. (lê outra vez) De acordo com o testamento de seu irmão, sendo a Sr.ª a única parente viva de sua filha, Maria Pereira de 10 anos, foi nomeada como sua tutora legal. As despesas da sua educação serão pagas pelo fundo criado para esse efeito pelo seu irmão no Banco Caixa Geral de Depósitos. A sua sobrinha chegará à estação de S. Bento este domingo de manhã no comboio das 9h. (Eliza desvia finalmente o olhar do que escreve e olha para Flora com um olhar enraivecido) Os melhores cumprimentos, Hermenegildo Alves, Advogado.

ELIZA: (Levantando-se e caminhando de um lado para o outro) Ela não pode ficar aqui! Teremos que encontrar um colégio interno que a aceite!

FLORA: Mas minha Senhora, é quase Natal! As escolas estarão fechadas.

Eliza: Porque razão fechariam?!

FLORA: Para que as crianças possam visitar as suas famílias.

ELIZA: E se não tiverem família? De certo haverá alguém que fique com os órfãos!

FLORA: Por favor, minha Sr.ª, pense na criança. Acabou de perder ambos os pais e a Sr.ª é a sua única família. Ela precisa de si depois de uma tragédia destas. Eu sei que este assunto não me diz respeito, mas como a Sr.ª tem uma casa tão grande não vejo porque não a convida a ficar pelo menos até ao final desta época festiva. Por essa altura uma casa mais apropriada já terá sido encontrada e ela poderá começar a escola no inicio do novo período.

ELIZA: Tens toda a razão Flora! Isto NÃO te diz respeito! (olha para Flora com um olhar desagradável). Oh, está bem! Ela poderá ficar até o início do ano! Mas já que te preocupas tanto com o bem-estar da rapariga, TU podes ir buscá-la no domingo de manhã. (Senta-se e volta a olhar para o que escreve) Ainda bem que é a tua folga! Eu jamais te pagaria só para caminhares até à estação e da estação aqui afinal são apenas uns quantos quilómetros!

FLORA: (meio abafado, como se falasse sozinha) Claro que não me pagaria!

ELIZA: Que disseste?

Flora: … Claro que não… me importo de ir minha Sr.ª! Normalmente vamos à Igreja por volta dessa hora, mas suponho que podemos ir um pouco mais tarde.

ELIZA: Sim, faz isso!

(Fecha a cortina)

Cena II

Plataforma da Estação de S. Bento

(Abre a cortina e tal como na Overture todos se encontram em palco mostrando a alegria e azafama dos dias anteriores ao Natal. Todos cantam CHRISTMASTIME enquanto representam os seus papeis. Uma a uma vemos as seguintes cenas acontecerem no centro do palco: militares de licença de regresso a casa para o Natal e encontram as suas famílias e namoradas. Avós visitando os seus filhos e netos. Vemos pessoas que viajam tais como freiras e homens de negócio, vendedores, etc – ver imagem 5.)

CANÇÃO: CHRISTMASTIME

TODOS:

CHRISTMASTIME, CHRISTMASTIME,

A WONDERFUL TIME OF YEAR.

WHEN OUR CHILDREN DISPLAY

THEIR MOST PROPER BEHAVIOUR

‘CAUSE SANTA CLAUS SOON WILL BE HERE.

OLDER ONES HAVE BEGUN

A CUSTOM THEY JUST CAN’T RESIST.

THEY FOUND OUT THAT WHEN THEY GO

UNDER THE MISTLETOE

THEY CAN EXPECT TO BE KISSED!

ALL OVER THE TOWN

DECORATIONS ABOUND

AND THE SNOW COVERS MOST OF THE GRIME

AT CHRISTMASTIME!

CHRISTMASTIME, CHRISTMASTIME,

WHEN ALL OF THE WORLD IS AGLOW,

RECALLING THE NIGHT

WHEN A STAR SHOWN SO BRIGHT

ON A STABLE A LONG TIME AGO.

CHOIRS SING, CAROLS BRING

A WARMTH TO THE COLD WINTER AIR.

THE PEOPLE YOU MEET

AS YOU WALK DOWN THE STREET

HAVE CONGENIAL GREETINGS TO SHARE.

TOO BAD IT WON’T LAST

ONCE THAT CHRISTMAS IS PAST,

‘CAUSE THE FEELING IS REALLY SUBLIME

AT CHRISTMASTIME.

(O grupo depois de cantar continua feliz mas um tanto apressado indo em varias direcções alguns carregando malas, mas agora estão mais espalhados pelo palco. No lado esquerdo do palco aparecem agora Flora e seus filhos, Patrícia, Bruno, Ernesto e Tâmara na sua melhor roupa de domingo – ver imagem 6.)

FLORA: (para Patrícia) Fica aqui com as crianças enquanto eu vou ver qual é o comboio da Maria.

PATRICIA: Eu ainda não entendi porque é que nós é que tivemos de vir buscar a sobrinha da Sr.ª Tavares. Porque não veio ela? Afinal a tia é ela!

FLORA: Se dependesse da Sr.ª Tavares desconfio que a pobre rapariga passaria o Natal num orfanato. Peço desculpa por chegarmos tarde à Igreja, mas tenho que fazer isto primeiro. Agora por favor toma conta das crianças.

TAMARA: Mamã, tens mesmo de ir?

FLORA: Sim, querida, mas eu volto já. (para o Bruno e Ernesto) É melhor que se comportem enquanto eu vou. Lembrem-se, é quase Natal!

BRUNO E ERNESTO: Sim mãe.

FLORA: Ainda bem. (Para Patrícia) Volto já.

(Flora vai até ao lado direito do palco até ao homem de negócios que se encontra ai. Age como se lhe pedisse indicações. Ele indica-lhe que saia pelo lado direito do palco. Ela sai – ver imagem 6 novamente. Tâmara começa a tirar a luva da mão esquerda)

PATRICIA: Tammy, não tires a luva ou podes perde-la.

TAMARA: Mas tenho comichão!

PATRICA: Isso é porque as luvas são feitas de lã. Devias estar grata que tens uma irmã que te faz luvas de lã, porque senão não terias luvas e as tuas mãos estariam geladas.

TAMARA: Sim, eu sei, mas ao menos não tinha comichão.

BRUNO: És mesmo chorona!

TAMARA: Não sou nada!

BRUNO: És!

ERNESTO: (para Bruno) Não a provoques ou ela ainda começa a chorar.

TAMARA: Não vou nada!!

PATRICIA: Parem já com isso! Todos! Vamos mudar de assunto. Porque não tentamos adivinhar como será a sobrinha da Sr.ª Tavares?

BRUNO: (Agindo como tal) Talvez seja uma bruxa como a Sr.ª Tavares! (Persegue Tâmara)

ERNESTO: (seguindo o exemplo de Bruno) Talvez ela seja tão má como o Bicho Papão (Ele também persegue Tâmara)

TAMARA: (Gritando) Não! (Ela corre e esconde-se atrás de Patrícia)

PATRICIA: Parem com isso, estão a assustar a vossa irmã!

(Entra Guilherme Andrade – do lado direito para o esquerdo do palco – um jovem que trabalha como bagageiro, passa e repara na confusão que se instalou – ver imagem 7, numero 1.)

GUILHERME: Está tudo bem?

PATRICIA: Sim Senhor, os rapazes estavam só... a ser rapazes... Acho eu. (Pega na Tâmara ao colo enquanto fala para ela) Pronto já passou, eles estavam só a meter-se contigo.

GUILHERME: Eles são seus filhos?

PATRICIA: Credo, não. Só tenho 17 anos e nem sequer sou casada. (de repente fingindo ser mais sofisticada). Estes sãos os filhos da minha mãe.

GUILHERME: (Rindo) Estou a ver. (para Tâmara) Quantos anos tens?

(Tâmara mostra-lhe com a mão que tem cinco)

GUILHERME: Com que então tens 5?

(Tâmara assente com a cabeça)

GUILHERME: Já és uma senhora.

(Tâmara sorri)

GUILHERME: E que idade têm vocês rapazes? 13 e 14?

BRUNO: (Ousadamente) Por acaso acertou!

ERNESTO: (Para Bruno) Mentiroso! (para Guilherme) Ele tem 12 e eu 10.

GUILHERME: A sério?! Eu diria que vocês eram mais velhos...

PATRICIA: Deve pensar que sou mal-educada porque ainda não me apresentei... Chamo-me Patrícia Oliveira e estes são os meus irmãos Bruno e Ernesto e esta é a minha irmã Tâmara.

GUILHERME: É um prazer conhece-la. Chamo-me Guilherme Andrade, bagageiro ao seu serviço.

BRUNO: Vem aí a mãe (apontando) Aquela deve ser a Maria.

(Flora e Maria entram em palco carregando várias malas – do lado direito para o lado esquerdo do palco ver imagem 7, numero 2)

FLORA: (para Guilherme) Bagageiro!

GUILHERME: Sim Senhora?

FLORA: Será que nos pode ajudar?

GUILHERME: Sim claro, e o que é que precisa?

FLORA: (Apontando para fora de palco) Há um baú naquele comboio que precisa ser entregue nesta morada (entregando-lhe um papel). A entrega já está paga, só quero ter certeza que é entregue ainda hoje.

GUILHERME: Não se preocupe, eu tratarei disso, minha senhora.

FLORA: Muito obrigada.

GUILHERME: (Para Patrícia e miúdos) Adeus! (sai pelo lado esquerdo do palco ver imagem 7, numero 3)

PATRICIA e MIUDOS: Adeus Guilherme!

FLORA: Interrompi alguma coisa?

PATRICIA: Não mãe, estávamos só a falar.

FLORA: Estou a ver... Bem, gostava de vos apresentar a Senhorita Maria Pereira. Maria estes são os meus filhos: Patrícia, Ernesto, Bruno e Tâmara.

MARIA: Como estão?

PATRICIA: Bem obrigada.

BRUNO/ERNESTO/TAMARA: Olá

BRUNO: Então... o que é que tens no baú?

FLORA: Bruno! Não tens nada a ver com isso.

MARIA: Não faz mal. Eu não me importo... Tenho tudo que possuo neste mundo, com excepção do meu cão Max. Tive que o deixar em Faro com a minha amiga margarida.

BRUNO: Tinhas um cão e não o trouxeste?!?

MARIA: Sim, mas foi melhor assim porque já era velhinho e não ia aguentar a viagem. A Margarida nunca tinha tido um cão antes e agora ela tem algo para se lembrar de mim.

FLORA: Realmente tens uma boa atitude em relação a tudo isto... Vamos, vou levar-te á tua tia para que a conheças.

MARIA: Eu não a vejo desde bebé... É simpática?

FLORA: Depende... Suponho que quanto mais longe estás mais simpática ela parece.

BRUNO: (Em tom sarcástico) Ela deve parecer maravilhosa vista desde a América do sul...

(Flora olha-o com reprovação)

MARIA: Eu tenho muita sorte por ter a Tia Eliza. A maior parte das crianças que perdem ambos os pais vão para um orfanato.

FLORA: Todos lamentamos muito o sucedido. É uma tragédia, alguém da tua idade perder ambos os pais.

CANÇÃO: There’s a lot to be thankful for

MARIA:

MY PARENTS ARE IN HEAVEN LOOKING DOWN ON ME;

THOUGH I KNOW IT’S A BETTER PLACE FOR THEM TO BE.

I MISS THEM SO AND SOMETIMES GET UPSET –

I DON’T LIKE FEELING SO ALONE, AND YET...

THERE’S A LOT TO BE THANKFULL FOR:

THE SUN IN THE SKY,

WITH CLOUDS DRIFTING BY,

AND FLOWERS THAT BLOOM IN MAY.

A SHADE WHEN IT’S HOT,

AND THEN, WHEN IT’S NOT,

WARM CLOTHES ON A WINTER DAY.

THERE’S ALOT TO BE THANKFUL FOR:

THE SWEET MELODY

OF A BIRD IN A TREE,

THE MOON SHINING CLEAR AND BRIGHT.

THE PATTER OF RAIN

ON A WINDOW PANE

THAT LULLS ME TO SLEEP AT NIGHT.

I TRY NOT TO DWELL ON WHAT I LACK,

AND BE HAPPY WITH WHAT I’VE GOT.

THING’S HAPPEN THAT CAN’T BE TAKEN BACK,

AND MY LIFE CAN’T BE WHAT IT’S NOT.

I HAVE MET FIVE NEW FRIENDS TODAY.

AND PRETTY SOON I

WILL MET AUNT ELIZA

AND SEE WHERE I’M GOING TO STAY.

THAT’S WHAT I’M MOST THANKFUL FOR –

‘CAUSE I WON’T BE AN ORPHAN ANYMORE.

ERNESTO: Ainda bem que estás grata agora, porque eu não acho que estarás assim que conheceres a tua tia!

FLORA: (para Ernesto) Já chega! (para Patrícia) Vai indo e leva os miúdos para a Igreja. Eu vou lá ter.

PATRICIA: Sim, Mãe. Foi um prazer conhecer-te Maria.

MARIA: O prazer foi meu!

PATRICIA: Vamos.

PATRICIA/TAMARA E RAPAZES: Adeus! (saem pelo lado esquerdo do palco – ver imagem 7, numero 4)

FLORA/MARIA: Adeus.

FLORA: Vamos buscar o resto da tua bagagem (Para saírem Flora pousa a carteira no chão para pegar em algumas malas e deixa a carteira no chão. Estão quase a sair pelo lado esquerdo do palco, mas são interceptadas pelo Guilherme – ver imagem 7 numero 5.)

GUILHERME: Já tratei do baú, minha Sr.ª. Será entregue ainda hoje.

FLORA: Oh, muito obrigada. Onde se faz o levantamento da bagagem?

GUILHERME: (apontando) Mesmo em frente, não há que enganar.

FLORA: Foi de uma grande ajuda! (Tenta dar-lhe uma gorjeta) Aqui tem algo para si por tudo o que fez... A minha carteira! Onde é que eu deixei a minha carteira? Oh não, devo tê-la deixado ao pé do comboio. Vamos Maria, espero ainda conseguir encontrá-la! (Saem pela direita do palco apressadamente – ver imagem 7 numero 6.)

(Quando estão quase a sair do palco, Guilherme nota que a carteira está apenas a uns passos. Apanha a carteira – ver imagem 7 numero 7)

GUILHERME: Minha Senhora! (elas não o ouvem então ele vai atrás delas – ver imagem 7 numero 8)

(Fecha a cortina)

Cena III

COZINHA DA CASA DE ELIZA

(Vemos Eliza a dar instruções a sua cozinheira, Sr.ª Barbara Junqueira, uma mulher nos seus 60s, roliça e de aparência austera. – Ver imagem 8)

ELIZA: Lá porque a minha sobrinha vai estar aqui por alguns dias não quer dizer que vamos mudar os menus.

SRª JUNQUEIRA: Sim Sr.ª, apenas pensei que uma vez que teremos uma criança connosco nesta época festiva a Sr.ª poderia querer que preparasse uma refeição especial para o almoço de Natal.

ELIZA: NEM PENSAR!!! Natal é um dia como outro qualquer: Não há necessidade de preparar comidas sumptuosas que custam uma fortuna e acrescentam centímetros à cintura... Revê estes menus imediatamente e dá-mos outra vez para a MINHA aprovação. E não incluas espargos desta vez – são demasiado caros! (Ela devolve os menus à Sr.ª Junqueira

SRª JUNQUEIRA: Sim Sr.ª, desculpe o incómodo.

ELIZA: Onde está a Flora? Já cá deviam estar!

SRª JUNQUEIRA: Talvez o táxi esteja preso num engarrafamento, nesta altura as ruas estão apinhadas de gente por causa das compras de Natal.

ELIZA: Táxi?!? Eu não autorizei tal coisa!! Se apanharam um táxi vão pagar do seu próprio bolso!

SRª JUNQUEIRA: Mas como é que vão vir para casa? A estação ainda fica longe e ainda por cima têm as malas...

ELIZA: São Jovens, podem andar! Está um lindo dia, nem sequer está a chover!

SRª JUNQUEIRA: Mas está frio lá fora!

ELIZA: O frio faz-lhes bem, é bom para a circulação!

(SRª JUNQUEIRA abana a cabeça perplexa com a situação enquanto continua a rever os menus da semana na sua mesa no centro do palco. – Ver imagem 8 número 1. Flora entra com Maria a reboque pelo lado esquerdo do palco – Ver imagem 8 número 2)

FLORA: (ao entrar fala para alguém que está fora do palco) Obrigada pela boleia Senhor Evaristo.

(MARIA observa tudo muito empolgada)

FLORA: Maria, esta é a tua Tia, Eliza Tavares.

MARIA: (estende a mão para cumprimentar a sua Tia e fala ao mesmo tempo que faz este movimento) Muito prazer em conhecê-la. Um FELIZ NATAL para si.

ELIZA: (olha para a mão e não a cumprimenta.) “Humph”! (Afasta-se um pouco e olha para ela de alto a baixo) E porque estás tão feliz? Gostas de ser órfã?

FLORA: (Chocada) Sr.ª Tavares!!

MARIA: (Calmamente) Estou feliz porque vou viver aqui consigo nesta grande e linda casa.

ELIZA: Isso é o que vamos ver. Dá aí uma voltinha: (Maria obedece) Nunca pensei que o meu irmão tivesse tido uma filha tão desenxabida.

(Flora olha com espanto para Eliza)

MARIA: (Inocentemente) Você também não é nada do que eu esperava.

(Flora ri baixinho)

ELIZA: Francamente!

(Maria começa a buscar algo com o olhar. Depois desloca-se como se estivesse à procura de algo. Eliza segue-a muito intrigada)

ELIZA: Que procuras?

MARIA: Onde está a sua árvore de Natal?

(Durante a música Eliza enxota Maria para longe dela e esta corre para Flora em busca de conforto)

CANÇÃO: CHRISTMAS

ELIZA:

I DON’T SPEND MONEY FOOLISHLY

ON SUCH THINGS AS A CHRISTMAS TREE

WHICH IN A WEEK YOU HAVE TO THROW AWAY.

I DON’T BELIEVE IN GIVING PRESENTS,

EATING MEALS OF GEESE AND PHEASANTS,

JUST TO CELEBRATE A SINGLE DAY.

I DON’T SEE WHAT’S SO SPECIAL IN THIS SEASON

THAT CAUSES FOLKS TO LOSE THEIR SENSE OF REASON.

CHRISTMAS –

A TIME WHEN PEOPLE ALL FEEL

THEY SHOULD SPEND MONEY FREELY

ON THINGS THAT THEY REALLY DON’T NEED.

CHRISTMAS –

A TIME WHEN ILL-BEHAVED GIRLS AND BOYS

CLAMOR FOR USELESS TOYS,

SHOWING THE DEPTH OF THEIR GREED.

WHEN YOUR NORMALLY HARD-WORKING EMPLOYEES

WANT TO TAKE TIME OFF BUT STILL BE PAID.

HOW THOSE FAT BE-WHISKERED MEN ANNOY ME

WITH THEIR ANNUAL SANTA CLAUS CHARADE!

CHRISTMAS –

WHEN PARENTS LIE TO THEIR CHILDREN

UNTIL THEY ARE FILLED

TO THE BRIM WITH THAT FICTIONAL JUNK.

CHRISTMAS –

A TIME OF SUGARY SENTIMENT –

PEACE AND GOOD WILL TOWARD MEN –

SUCH UNATTAINABLE BUNK!

EV’RY CHARITY IN TOWN IS CALLING

LIKE A PACK OF HUNGRY JACKALS THEY TEEM!

EV’RYWHERE ARE CHOIRS CATERWAULING’

IF I HEAR ONE MORE CAROL, I’LL SCREAM!

CHRISTMAS –

BY NOW I FIGURE I’VE HEARD

QUITE ENOUGH OF THAT WORD;

(clutches throat)

MERRY CHRISTMAS IS STUCK IN MY CRAW!

IN THIS HOUSE THERE WILL NEVER BE

ANY YULETIDE FRIVOLITY;

ALL THAT CHRISTMAS MEANS TO ME

IS –

(A campainha toca durante os últimos versos e Flora vai abrir. Ouvimos um coro de Natal a cantar a última parte de “Deck the Halls” enquanto Eliza tapa os ouvidos. No final, Eliza, Achando que já ouviu o suficiente vai até à porta.)

CORO: (cantando)

Deck the halls with boughs of holly

Fa la la la la

La la la …

ELIZA: (gritando com o coro) AHH!! (Bate com a porta na cara do coro).

CORO: (do outro lado da porta) LA

(coro sai deprimido. Maria olha para a cena em choque.)

FLORA: (olhando fixamente para Eliza) Bem, adoraria ficar aqui a conversar mas já estou atrasada para ir para Igreja. Para além disso ainda tenho que voltar à estação para procurar a minha carteira.

ELIZA: Não tão depressa! Preciso que vás à baixa e me tragas algumas coisas do mercado.

FLORA: Mas Sr.ª Tavares, este é o meu dia de folga. Eu só cá vim para lhe trazer a sua sobrinha.

ELIZA: Ainda és minha empregada, não és?

FLORA: Bem sim…

ELIZA: E queres continuar empregada, não queres?

FLORA: Mas eu prometi aos meus filhos que iria ter com eles à Igreja.

ELIZA: Tu também prometeste alimenta-los e vesti-los com o salário que eu te pago, não foi?

FLORA: Bem, sim, mas…

ELIZA: Então pega na lista que eu preparei a partir dos menus da cozinheira e assegura-te que consegues o melhor preço em cada item. E não vás aquele talho nos Clérigos, o preço do frango é demasiado alto e ainda por cima é velho! Ah, é verdade, também tenho um casaco que precisa ser remendado. Mas primeiro, mostra à Maria onde é o quarto dela. (para Maria) O pequeno almoço é servido as 8:30 em ponto cada manhã, o almoço é ao meio-dia e o jantar é as 20h. Nem penses em brincar cá dentro e não te quero encontrar a vaguear pelos corredores. Isto não é um recreio! Vais começar o colégio interno já na próxima semana! E nunca mais fales sobre o Natal à minha frente.

MARIA: Sim Sr.ª.

FLORA: Por aqui Maria. (Maria e Flora saem de cena)

(Fecha a cortina)

Cena IV

SOTÃO DA CASA DA SR.ª TAVARES

FLORA: Este é o teu quarto. Não parece grande coisa, é verdade. Com tantos quartos nesta casa seria fácil pensar que a tua tia poderia encontrar um melhor lugar para ti do que o sótão.

MARIA: Eu fico bem, a sério!

FLORA: Realmente tens uma boa atitude apesar de tudo.

MARIA: Só estou feliz por ter um lugar onde ficar, mesmo que seja apenas temporário.

CANÇÃO: MY OWN ROOM

MARIA:

MY OWN ROOM AT THE TOP OF THE STAIRS,

ONE WHOLE ROOM JUST FOR ME!

UP SO HIGH

LIKE A BIRD IN THE SKY –

WHAT A NICE PLACE TO BE!

MY OWN ROOM GOES SO HIGH IN THE AIR,

I AM SURE I CAN SEE

THROUGH THE WINDOW

THE WHOLE WORLD BELOW

LOOKING UP AT ME.

THOUGH THERE’S LOTS OF STAIRS TO CLIMB,

IT’S NOT ALL THAT BAD,

EACH STEAP HIGHER MEANS THAT I’M

CLOSER TO MOM AND DAD.

SO IT’S NOT VERY NICE – I DON’T CARE,

I’M JUST GLAD THAT IT’S MINE.

IT’S OLD AND DUSTY

BUT IT WILL BE JUST FINE.

I’LL BE HAPPY

IN THIS ROOM OF MINE.

(Maria repete a sua canção mas desta vez Flora junta-se a ela em contra canto)

FLORA:

THIS OLD ROOM ISN’T WHAT YOU DESERVE,

IT IS SUCH A DISGRACE!

AND IF I HAD THE NERVE,

I’D TELL IT TO HER FACE

YOU’RE SO SWEET TO BE ACTING THIS WAY,

I KNOW I WOULD’T BE!~SOMEDAY SHE’S GONNA PAY

FOR HER LACK OF CHARITY.

YOU’RE AS NICE AS NICE CAN BE –

YOUR AUNT IS MEAN AND HATED –

IT’S AN INCONGRUITY THAT YOU TWO ARE RELATED

I WILL HELP YOU TO CLEAN UP THIS PLACE,

IT WILL TAKE LOTS OF TIME.

BUT HARD WORK WILL ERASE THE YEARS OF DIRT AND GRIME.

WE WILL DO WONDERS TO YOUR ROOM.

FLORA: (olha em redor) Eu penso que num dos quartos livres tenho algumas cortinas que poderão embelezar aquela janela (aponta para a janela – fictícia). E talvez um quadro para aquela parede. (enquanto se dirige-se para fora do palco) Mais tarde, quando as tuas coisas chegarem eu trago-as cá acima.

MARIA: Obrigada, é muito simpático da sua parte.

FLORA: (Para e vira-se para Maria) Oh, não é nada de mais. Entretanto se quiseres fazer alguma coisa enquanto estás aqui, posso trazer-te alguns livros da biblioteca. Que tipo de livros gostas de ler?

MARIA: Provavelmente não existirão livros sobre o Natal?

FLORA: É possível. A biblioteca era do teu tio e ele gostava de celebrar o Natal.

MARIA: Ele morreu de quê?

FLORA: O meu palpite seria exasperação terminal. Agora que penso nisso, o teu Tio tinha uma cópia de “Um Conto de Natal”. Vou ver se o consigo encontrar enquanto desfazes as malas.

MARIA: Obrigada.

FLORA: De nada. Estou feliz por estares aqui.

MARIA: Eu também.

(Fecha a cortina)

Cena V

CAsa da Famíla Oliveira – entardecer do mesmo dia

(Vemos Martim Oliveira sentado na sua cadeira de rodas com a Tâmara ao colo. Ele está a ler-lhe uma história enquanto o Bruno e Ernesto ajudam a Patrícia a levantar a mesa do jantar.)

MARTIN: (a ler) “Ele saltou para o seu trenó, assobiou, e lá partiram todos em fileira. Mas eu ainda o ouvi exclamar, antes de desaparecer de vista, Feliz Natal para todos e para todos uma boa noite.”

TAMARA: (Batendo palmas) Papá, eu gostei muito desta história. Lê outra vez!

MARTIM: Não querida. Já são quase horas de ires para a cama.

TAMARA: Mas ainda não posso ir para a cama, papá. A mamã ainda não chegou e é ela que me cobre e me dá um beijinho de boa noite.

MARTIN: Vais ter que te contentar comigo, fofinha. Também é a vossa hora de dormir rapazes. Venham crianças, vamos fazer a oração. (Os rapazes e Patrícia juntam-se á volta de Martim)

CANÇÃO: EVENING PRAYER

MARTIM:

HEAR US, LORD, WE PRAY,

AT THE CLOSE OF DAY,

KEEP US SAFE FROM THOSE WHO WHISH US HARM,

GUIDE US THROUGH THE NIGHT

WITH THY HOLY LIGHT,

CRADLED IN THE SHELTER OF THINE ARMS.

CRIANÇAS: (Cantando)

GOD BLESS FATHER, GOD BLESS MOTHER,

RAPAZES: (cantando)

BLESS OUR SISTERS,

TAMARA/PATRICIA: (cantando)

BLESS OUR BROTHERS,

PATRICIA: (cantando)

BLESS ALL THOSE LESS FORTUNATE THAN WE.

TAMARA: Existe alguém assim? (Patrícia olha-a com desaprovação)

RAPAZES: (cantando)

MAKE THE FOLKS WITH LOTS OF MONEY

SHARE WITH THOSE WHO AIN’T GOT NONE –

TAMARA: (cantando)

AND THAT MEANS MISSUS TUPPER, ‘SPECIALLY!

(Os rapazes tentam conter o riso, Martim abana a cabeça)

PATRCIA: (para Tâmara) dá um beijo de boa noite ao pai e vai para a cama. Mais tarde vou lá aconchegar-te.

TAMARA: Ok. (dando um beijo ao pai) Boa noite, papá.

MARTIM: Boa noite fofinha. (Ela sai com o livro). Vocês também rapazes.

BRUNO: AHH – Não podemos esperar até que a mãe chegue a casa?

MARTIM: Isso pode levar horas. Para a cama, vá.

PATRICIA: Rapazes, ouçam o Pai.

ERNESTO: Vamos Bruno. Vamos vê-la amanhã de manhã.

BRUNO: Boa noite Pai.

ERNESTO: Boa noite Pai.

MARTIM: Boa noite aos dois. (abraça ambos) Vão já dormir, não fiquem a brincar. (eles saem. Fala para Patrícia) O que terá acontecido para a tua mãe ainda não ter chegado?

(Alguém bate à porta)

PATRICIA: Talvez seja ela agora.

MARTIM: Mas se é a tua mãe porque bateria?

PATRICIA: Só há uma maneira de descobrir. (vai até à porta) Quem é?

GUILHERME: Sou o Guilherme Andrade da estação de comboios. Vim devolver uma carteira perdida.

PATRICIA: (abrindo a porta) Mas eu não perdi nenhuma carteira.

GUILHERME: (vendo Patrícia) Ah, mas creio que pertence à tua mãe. Encontrei este endereço cozido no forro. (dá-lhe a carteira)

PATRICIA: Ah, sim! É a carteira da minha mãe, mas não entendo como é que você a tem.

GUILHERME: Ela deixou-a na estação. Eu ainda tentei correr para a devolver mas perdi-a no meio da multidão. Então pensei em devolvê-la pessoalmente.

PATRICIA: Isso é muito generoso da sua parte.

GUILERME: A tua mãe está?

MARTIM: Quem é?

PATRICIA: Por favor entre. (Para Martim) Pai, este é o Sr. Andrade.

GUILHERME: Guilherme, por favor.

PATRICIA: Guilherme Andrade… da estação de comboios. Veio devolver a carteira da mãe. A minha mãe ainda não chegou a casa, mas se ela estivesse tenho a certeza que estaria muito grata por teres devolvido a carteira.

MARTIM: E não me vais apresentar?

PATRICIA: Oh, desculpa. Guilherme, este é o meu pai, Martim Oliveira.

GUILHERME: (aperto de mão) Muito prazer em conhece-lo, senhor.

MARTIM: (Apontando para a cadeira ao seu lado) O mesmo da minha parte. Por favor, sente-se. Então trabalha na estação de comboios?

GUILHERME: Sim Sr. Sou bagageiro. Eu verifico as malas e carrego-as e descarrego-as dos comboios.

MARTIM: Estou a ver. E gostas do que fazes?

GUILHERME: oh, sim. Tenho a oportunidade de conhecer pessoas incríveis enquanto trabalho. (sorri para Patrícia)

MARTIM: Eu vou ter que ir para a cama, por isso se me dão licença… (começa a preparar-se para sair) Foi um prazer em conhecer-te Guilherme.

GUILHERME: Prazer em conhecê-lo também Sr.

MARTIM: Patrícia, acorda-me quando a tua mãe chegar.

PATRICIA: Sim pai, boa noite.

MARTIM: Boa noite. (sai)

GUILHERME: (sussurro) Porque é que o teu Pai anda de cadeira de rodas?

PATRICIA: Ficou aleijado num acidente na fábrica onde trabalhava.

GUILHERME: Isso é horrível.

PATRICIA: E ainda perdeu o emprego porque não pode andar.

GUILHERME: E não há nada que os médicos possam fazer?

PATRICIA: Ele recusa-se a ir ao médico porque é muito caro. A minha mãe trabalha para nos sustentar, mas a sua patroa não paga o suficiente para podermos pagar qualquer tipo de médico.

GUILHERME: Isso é horrível. Ele parece ser um bom homem.

PATRICIA: oh, e é. Ele é um pai incrível e um marido também. Mas ele sente-se inútil e não gosta do facto que nós, os filhos, tenhamos que fazer a maior parte das tarefas aqui em casa agora que ele não pode.

GUILHERME: Eu teria muito prazer em ajudar se precisares ou quiseres a minha ajuda.

PATRICIA: É uma oferta muito generosa da tua parte, mas porque quererias ajudar-nos?

GUILHERME: O teu Pai já teve mais do que a sua dose de azar e gostaria que as coisas pudessem ser mais fáceis para ele… Além disso, a filha dele encantou-me.

PATRICIA: Referes-te a mim?

GUILHERME: (rindo) eu acho que a Tâmara é uma menina incrível, mas estou mais interessado em ti. Será que podemos sair um dia destes?

PATRICIA: Não sei, nós quase não nos conhecemos.

GUILHERME: e eu gostaria de mudar isso. (retira o seu chapéu de bagageiro e atira-o para a mesa numa demonstração de confiança)

CANÇÃO: I’D LIKE TO GET TO KNOW YOU/I’VE GOT RESPONSIBILITIES

GUILHERME:

I’D LIKE TO GET TO KNOW YOU,

I’D LIKE TO GIVE IT A WHIRL.

WE ONLY MET

TODAY, AND YET,

I KNOW THAT YOU ARE MY KIND OF GIRL.

I’D REALLY GET TO KNOW YOU,

IF YOU’D GO STEPPING OUT WITH ME.

MY FUNDS ARE LOW,

BUT WE CAN GO

TO PLACES INEXPENSIVE OR FREE.

WE COULD FIN A LOT OF THIMGS TO DO,

LIKE SKATING IN THE PARK OR GOING TO THE ZOO.

THERE IS NOT A THING THAT WON’T BE FUN,

AS LONG AS IT IS DONE

WITH YOU!

I’D LIKE THE CHANCE TO SHOW YOU

THAT I’M A LIKABLE GUY.

WHAT DO YOU SAY,

ON SATURDAY

WE AGRE TO GIVE IT A TRY?

THEN I COULD GET TO KNOW YOU,

AND YOU COULD GET TO KNOW ME TOO.

PATRICIA: Não vai dar.

GUILHERME: Porque não?

PATRICIA:

I’VE GOT RESPONSIBILITIES,

I DON’T HAVE TIME TO SPEND WITH YOU.

MY MOTHER WORKS ALL DAY,

AND WHILE SHE IS AWAY,

I’VE GOT A LOT OF THINGS TO DO.

GUILHERME: E que tal quando ela chegar a casa?

PATRICIA:

THAT’S NOT A POSSIBILITY,

QUITE OFTEN SHE’LL BE WORKING LATE.

IT REALLY WOULD BE RARE

WHEN I’D HAVE TIME TO SPARE

FOR US TO GO ON A DATE.

I’VE GOT TO COOK AND WASH AND SEW,

AND WATCH THE KIDS AND MOP AND SWEEP!

AND WHEN MY WORK IS FIN’LLY OVER

ALL I WANT TO DO IS SLEEP!

I’VE GOT RESPONSIBILITIES,

UNFORTUNATE, BUT IT’S TRUE.

MAYBE IF YOU WAIT

UNTIL I’M TWENTY-EIGHT,

I’LL FIND SOME TIME FOR ME AND YOU!

TILL THEN I MUST FULFILL

MY RESPONSIBILITIES!

GUILHERME: Mas, Patrícia…

(repetem a musica em contra canto. No final da música o casal está virado face a face e prestes a beijar-se quando a porta se abre de rompante e Flora entra.)

PATRICA: (Guilherme está de costas para a porta e Patrícia de frente. Não se beijam porque ela empurra Guilherme por ter visto a mãe a entrar) Mãe!

GUILHERME: (embaraçado) Bem, já está na minha hora…

MARTIM: (chama de fora de cena) É a tua mãe, Patrícia?

PATRICIA: Sim Pai! Olá Mãe!

(Guilherme quer sair dali rapidamente mas sente-se encurralado)

FLORA: Olá Patrícia. (Repara que Guilherme também lá está) Olá meu rapaz. Não esperava ver-te aqui.

GUILHERME: Olá outra vez minha Sr.ª (Nervosamente retira o chapéu da mesa, numa tentativa de escapar-se rapidamente da casa. Flora intercepta-o quando ele se dirige para a porta.)

FLORA: O que te traz por aqui?

PATRICIA: O Guilherme só veio devolver a tua carteira, mãe. Deixaste-a na estação de comboios. (dá-lhe a carteira).

FLORA: Está aqui!! Procurei por todo lado, não me conseguia lembrar onde a deixei. Obrigada por a teres trazido até aqui. Salvaste-me a vida, meu rapaz!

GUILHERME: (radiante) Foi um prazer, minha Sr.ª. (atira o chapéu outra vez para a mesa, demonstrando a sua decisão de ficar mais um pouco)

FLORA: Mas como é que conseguiste encontrar-nos?!

GUILHERME: Por causa da etiqueta cozida no interior. (Patrícia fica radiante).

FLORA: (Para Patrícia) Parece-me que afinal também tenho que agradecer à minha filha.

GUILHERME: E porque?

FLORA: (Indo até Patrícia que lentamente empurra para Guilherme) Ela é que cozeu a etiqueta na minha carteira. Ela faz todos os remendos e trabalhos de costura cá em casa. Já pra nem falar que é ela também que cozinha, limpa e toma conta dos irmãos. Não sei o que faria sem ela.

GUILHERME: Estou a ver. (para Patrícia) És mesmo um achado. (Patrícia dá uma risadinha) Bem, tenho que ir indo. Feliz Natal para ambas.

PATRICIA: Feliz Natal Guilherme.

FLORA: E um Feliz Natal para ti, Guilherme. Vais passar o Natal com a tua família?

GUILHERME: Não minha Sr.ª. A minha família está na Suíça.

FLORA: Então vais passar o Natal na Suíça?

PATRICIA: (Tenta sussurrar, mas sai um pouco alto) Mãe!

GUILHERME: Na verdade não. Tenho que trabalhar no dia seguinte.

FLORA: Nesse caso gostarias passar connosco a consoada? Não será algo muito extravagante mas a Patrícia é uma excelente cozinheira e adoraríamos que jantasses connosco. Não é, Patrícia?

PATRICIA: Sim, claro.

FLORA: É o mínimo que podemos fazer uma vez que foste tão bondoso em deixares as tuas coisas para me vires devolver a carteira.

GUILHERME: Eu adoraria jantar convosco na noite de Natal.

FLORA: Cá te esperaremos. Não é Patrícia?

(Patrícia olha para a mãe olha fixamente com os olhos arregalados para a mãe. Quando repara que o Guilherme está a olhar para ela então sorri.)

GUILHERME: A que horas?

FLORA: Bem, podias encontrar-te connosco na Igreja. Às 10h horas naquela nova igreja nos capuchinhos. (Pausa) És religioso, não és?

GUILHERME: (um pouco abatido) Na realidade não. Mas tenho uma prima da parte da minha mãe que viveu num convento…

FLORA: (Pensando sobre o que acabou de ouvir) Tens influencias, é suficiente! Encontramo-nos à porta da Igreja às 10 menos um quarto.

PATRICIA: Mãe! Francamente! Ele se calhar nem quer ir à nossa Igreja…

GUILHERME: (Virando-se para Patrícia) Eu não me importo. Eu adoraria entrar em qualquer Igreja contigo.

PATRICIA: (Interessada) A sério?

(Agora é óbvio que Patrícia está caidinha pelo Guilherme)

FLORA: (Alarmada, começa a pôr o Guilherme para fora) Óptimo, então está tudo combinado. Obrigada mais uma vez por devolveres a carteira!

GUILHERME: Não tem nada que agradecer minha Sr.ª… Boa noite.

FLORA: Boa noite Guilherme.

PATRICIA: Sim, boa noite Guilherme. Feliz Natal.

(Flora fecha a porta com força)

GUILHERME: (Do outro lado da porta) Feliz Natal. (sai de cena).

FLORA: (encostada à porta) Ele parece promissor.

PATRICIA: oh, mãe. Francamente!

(Martim entra)

MARTIM: Flora, és tu?

FLORA: Sim querido, cheguei.

PATRICIA: Finalmente.

FLORA: Lamento, é só que a Sr.ª Tavares…

PATRICIA: É uma velha rabugenta que gosta de tornar a vida das outras pessoas miseráveis.

FLORA: Patrícia!

MARTIM: Ela tem razão. Aquela mulher não tem coração. Afinal de contas hoje é domingo. Porque razão te fez ela trabalhar até tão tarde num domingo? É a tua única folga!

FLORA: Eu sei querido. Mas a sua sobrinha chegou hoje de Faro e eu tive que a ajudar a instalar-se. Ainda por cima a ideia de ela ficar na casa da Srª Tavares foi minha.

PATRICIA: Se me dão licença eu tenho roupa para dobrar. Deixei frango no forno para ti, mãe, se tiveres fome.

FLORA: Sim, tenho. Obrigada Patrícia.

PATRICIA: Boa noite Mãe (dá-lhe um abraço)

FLORA: Boa noite Patrícia.

PATRICIA: (abraça Martim) Boa noite Pai.

MARTIM: Boa noite Patrícia.

(Patrícia Sai)

MARTIM: A culpa é minha que tenhas que continuar a trabalhar para aquela mulher malvada. Se eu não tivesse perdido o meu trabalho não estaríamos nesta situação horrível.

FLORA: Que situação horrível?

MARTIM: A de tu teres que trabalhar para sustentar a família, a Patrícia a ter que tratar da casa e das crianças, os rapazes a fazerem tarefas em vez de brincarem como as outras crianças da vizinhança…

FLORA: Oh, eles não se importam Martim. Para além disso, estamos todos juntos. Isso é o que é mais importante. Agora pára de te preocupares e vem fazer-me companhia enquanto como. Estou faminta. (Vai até à mesa).

MARTIM: Sabes, Flora, não sei o que é que eu fiz para merecer alguém como tu, mas agradeço todas as noites por ter um anjo como tu ao meu lado. (vai até ela)

FLORA: Bem, sabes, também me sinto muito sortuda por te ter a ti e as crianças. Juntos fazemos uma boa equipa, não achas?

MARTIM: Acho. E se acho! Eu amo-te Sr.ª Oliveira. (Ele abraça-a)

FLORA: E eu amo-te Sr. Oliveira. (Ela dá-lhe um beijo e abraçam-se)

(Foco de luz nos Oliveira, luzes diminuem até apagar. Fecha a cortina)

Cena VI

pORTA DA FRENTE E Hall de entrada da casa DA SR.ª TAVARES

(Um simpático Sr., Bartolomeu Santos, está a bater à porta da casa de Eliza. Vários miúdos de rua acompanham-no. Maria vem desde fora de cena até a porta lendo UM CONTO DE NATAL. Ela atende a porta.)

SR SANTOS: Bom dia menina. Feliz Natal.

MARIA: Feliz Natal.

SR SANTOS: Será que eu poderia falar com o dono da casa, por favor?

MARIA: Lamento, mas não pode. Ele morreu.

SR SANTOS: Ele era casado?

MARIA: Sim, com a minha tia Eliza.

SR. SANTOS: Posso falar com ela, por favor?

MARIA: Por mim tudo bem, mas tudo depende dela. Vou-lhe pedir que venha à porta, mas sugiro que não lhe fale sobre o Natal. Espere aqui por favor.

(O sr santos olha para a casa um pouco perplexo. Maria volta com Eliza)

SR SANTOS: Bom dia, minha Srª. Chamo-me Bartolomeu Santos e faço parte da junta de administração de orfanatos do Porto. Estou aqui para apelar ao seu bom e generoso coração em favor destas (aponta para os miúdos de rua) crianças pobres e desamparadas. Muitos órfãos poderão passar este Natal nas ruas se o banco executar a hipoteca do orfanato da zona. O orfanato está com falta de fundos…

ELIZA: E porque estão em falta os fundos?

SR SANTOS: Bem, sabe, o orfanato já data de 1810 e em Janeiro tiveram problemas com a canalização, algumas condutas de água arrebentaram. Os custos da reparação foram mais do que se esperava, chegando aos…

ELIZA: Sr., eu sou uma mulher muito ocupada.

SR SANTOS: Eu entendo Srª, mas será que consideraria fazer um donativo…

ELIZA: Eu não faço donativos. O dinheiro para ser valorizado tem que ser ganho e não dado assim de mão beijada.

SR SANTOS: Mas, minha Srª, estamos a falar de órfãos.

ELIZA: E esses órfãos não têm mãos nem pernas?

SR SANTOS: Oh, claro que têm.

ELIZA: Sofrem de Malária, Tétano ou tuberculose?

SR SANTOS: Oh, não Sr.ª. Todos se encontram razoavelmente bem de saúde.

ELIZA: Então eles são perfeitamente capazes de trabalhar! Encha as fábricas com eles, quero lá saber, mas deixe-me em paz! (Sr Santos está chocado com o que ouve).

CANÇÃO: SENHORA TOSTÃO

ÓRFÃOS:

MISSUS SCROOGE, MISSUS SCROOGE

PINCHES EV’RY PENNY.

SHE HAS GOT SUCH A LOT

AND WE DON’T HAVE ANY.

(Maria está um pouco afastada da porta e senta-se no chão. Tira o sapato e de dentro do sapato tira várias moedas para dar aos órfãos, quando Eliza começa a gritar ela começa a chorar)

ELIZA: (Gritando) Xô! Todos vocês! Antes que eu chame a polícia e vos mande prender a todos por invasão de propriedade privada… (pausa) e por perturbar a paz! (órfãos saem de cena a correr. O Sr Santos vai-se embora visivelmente repugnado. Eliza certifica-se que todos saem e depois fecha a porta). Porque é que me chamam senhora tostão? O que é que isso tem a ver comigo?

ELIZA: Porque estás a chorar? Para que são essas moedas?

MARIA: (em choro) Eu ia dá-las aos órfãos antes de os teres corrido daqui.

ELIZA: (Tira-lhe as moedas) que tolice. Não vais fazer nada disso!

MARIA: Mas o dinheiro é meu e dou-o a quem quiser!

ELIZA: Não enquanto estiveres na minha casa! Não vou permitir um comportamento tão tolo! Deves poupar o dinheiro em vez de o dares. E já que pretendias deitar fora o dinheiro de teu pai, eu vou mantê-lo no meu cofre até tu mostrares mais responsabilidade financeira, minha menina!

MARIA: (chorando) Mas a tia não tem o direito de fazer isso! Eu estava a poupar para lhe comprar um presente de Natal, mas já que a tia não gosta do Natal eu pensei que talvez pudesse dar jeito a alguém mais necessitado, como os órfãos. Mas você não quer saber como eu me sinto. (Eliza começa a ir-se embora) As crianças da cidade têm razão. Você é a Srª Tostão. Avarenta como a personagem do livro que estou a ler, “Cântico de Natal”! Você é forreta, má e o dinheiro é tudo o que lhe interessa!

ELIZA: (pára a sua saída de palco) O quê? O que estás a dizer??

MARIA: (atira-lhe com o livro, mas fica no chão não a atingindo) Pegue! Leia você mesmo e veja! Eu preferia viver num orfanato do que ficar aqui com uma velha mesquinha como você, SRª TOSTÃO! (sai a correr e a chorar)

ELIZA: Como te atreves! Criança insolente! Como te atreves a chamar-me… velha!

(Eliza está sozinha no hall de entrada. Ela olha fixamente para o livro no chão. Olha para todos os lados para se certificar que ninguém está a ver. Ela pega no livro, examina-o cuidadosamente, depois começa a ler e as luzes apagam-se, cortina fecha)


Cena VII

Quarto da maria, minutos mais tarde

(Vemos Maria deitada na cama a chorar. Tira uma pequena foto de uma caixa em forma de coração. O quarto foi redecorado por Flora com cortinas novas, uma moldura, colcha nova, etc.)

MARIA: Oh, Papá… Porque é que a tia Eliza não gosta de mim?

(Flora entra com cautela)

FLORA: Está tudo bem?

MARIA: Não. Sinto-me miserável! Porque não me disseste que a minha tia é uma mulher horrível e que era preferível viver na rua?

FLORA: Pronto, pronto. Não pode ser tão mau assim! (Maria olha-a com irritação) Pronto! Talvez seja tão mau assim. Mas vai melhorar. (Vai até à cama e senta-se ao lado de Maria)

MARIA: Será que a Tia Eliza me odeia?

FLORA: Não querida. A tua tia não te odeia.

MARIA: Tens certeza?

FLORA: A tua Tia neste momento não gosta de ninguém, nem dela mesma. Está infeliz. Sabes, a tua tia era diferente quando o marido estava vivo. O teu tio amava a vida e tudo que tem a ver com a vida. Ele simplesmente amava o Natal.

MARIA: (surpresa) A sério?

FLORA: Sim, era a sua altura do ano preferida. Dizia-se que ninguém festejava o Natal como o teu tio. Todas as vésperas de Natal, ele dava a maior e mais esplêndida festa de Natal aqui nesta casa. Todos os seus amigos e vizinhos vinham para aqui, com as suas melhores roupas, contavam histórias e cantavam músicas de Natal. Havia comida, folia e divertimento para todos. O teu Tio amava todas as pessoas e todos o amavam. Mas depois que ele morreu, a tua tia parou de celebrar o Natal porque sem ele, ela não sentia a alegria do Natal. Era a sua natureza generosa que mantinha o Natal no coração da tua Tia, mas até isso se foi, lamentavelmente… Mas anima-te, talvez ela precise de alguém como tu para a ajudar a lembrar do verdadeiro espírito de Natal. (Ela abraça a Maria)

CANÇÃO: DRY YOUR EYES

FLORA:

DRY YOUR EYES AND GET RID OF THAT FROWN,

LET THOSE PRETTY TEETH SHOW.

DON’T BE CAUGHT WITH YOUR SMILE UPSIDE-DOWN,

THAT’S NOT THE WAY TO GO.

DRY YOUR EYES, SHE’S NOT WORTH ALL THOSE TEARS,

‘CAUSE WHATEVER YOU DO

SHE’S BEEN ANGRY FOR SO MANY YEARS,

THERE’S NO LOVE LEFT FOR YOU

YOU LOST ALL YOUR FAMILY,

SHE LOST HER HIUSBAND, TOO.

BUT FOR SOME STRANGE REASON SHE

CAN’T BEAR IT AS WELL AS YOU.

MAYBE SOMEDAY ELIZA WILL SEE

JUST HOW SPECIAL YOU ARE.

BUT ‘TILL THEN BE LIKE A STAR,

KEEP ON SHINING BRIGHT.

SO WIPE AWAY EACH TEAR

AND PUT A SMILE RIGHT HERE.

(FLORA desenha um sorriso com o indicador na boca de Maria. Depois Maria esboça um sorriso)

HAVE FAITH THAT EV’RYTHING WILL TURN OUT RIGHT.

(ELAS ABRAÇAM-SE, A LUZ APAGA-SE. FECHA A CORTINA.)

Cena VIII

Quarto dE ELIZA, MAIS TARDE NAQUELA NOITE

(Vemos Eliza no seu quarto, vestida com uma camisa de dormir e gorro na cabeça. Está a ler o livro que Maria lhe atirou, à luz de uma pequena vela que está na sua mesinha de cabeceira. Ela luta contra o sono, mas eventualmente fecha os olhos ao chegar ao fim da história. As luzes diminuem e a chama da vela começa a bruxulear e apaga-se. Vê-se um relâmpago e ouve-se um trovão. De repente uma estranha luz verde aparece debaixo da cama e o Fantasma de Madalena Vinhas Tavares sai de dentro da cama e está em cima de uma plataforma ao lado da cama e com ventoinhas parece que flutua. A sua face está pintada com maquilhagem iridescente como um cadáver que brilha. Madalena começa a rir maldosamente. Eliza acorda e assusta-se com a visão da falecida mãe.)

ELIZA: (Horrorizada) Santa Terezinha!

MADALENA: Erraste. Nem sou santa, nem sou a Tereza.

ELIZA: M-m-m-mãe, és tu?

MADALENA: Quem mais poderia ser?

ELIZA: Mas morreste há quase 20 anos!

MADALENA: E no entanto consegui manter-me jovem. Nada mau para uma morta, ah?!

ELIZA: Mas isto é impossível. Como é que eu posso estar a falar contigo se estás morta? Devo estar a sonhar. Ou talvez, comi demasiado ao jantar. Sabia que não devia ter comido os nabos.

MADALENA: Olha para mim, Eliza! Não estás a sonhar. Não acreditas em mim? (bate-lhe no braço) Então fecha os olhos conta até 3 e abre-os. (bate-lhe outra vez porque está a fechar os olhos demasiado rápido) Se isto é um sonho eu vou desaparecer quando voltares a abrir os olhos. (bate-lhe de novo) No entanto se ainda estiver aqui, saberás que sou real!

ELIZA: Está bem. (fecha os olhos) Um, dois, três.

(MADALENA esconde-se atrás da cama. Eliza abre os olhos e fica aliviada por não ver a mãe mas volta a ter medo quando a mãe reaparece)

MADALENA: BOO!

ELIZA: (gritando) Oh, não! Ainda cá estás!

MADALENA: tentei avisar-te. (Um aparte para o publico) porque é que os filhos nuca ouvem os pais???

ELIZA: Porque estás aqui? O que é que queres?

MADALENA: Também é bom ver-te, querida. E já que perguntas, eu vim para salvar a tua alma. (tira uma lima dentre a roupa e começa a arranjar as unhas)

ELIZA: quê?

MADALENA: Se continuas a viver a tua vida com tens feito até agora, estás condenada a passar a tua eternidade como eu – na condenação eterna. E deixa que te diga (aproximando-se e inclinando-se para Eliza como se fosse partilhar um segredo) Tem sido um INFERNO!

ELIZA: Mãe, o que é que fizeste para merecer tão triste fim?

MADALENA: (tira agora um espelho e começa a arranjar-se ao som de musica melodramática de telenovela) Tal como tu, eu era uma mulher egoísta, com o rei no umbigo que virou as costas à humanidade. Eu, eu até te negligenciei a ti e ao teu irmão. Eu era fútil, egoísta e má. Só queria saber do estatuto social e auto indulgencia.

ELIZA: Mas isso era o que eu mais admirava em ti.

MADALENA: E foi por isso que eu acabei onde estou. E a não ser que pares de seguir o meu exemplo, enfrentarás o mesmo destino horrível. Confia em mim, não é pêra doce. Lembras-te daquelas férias que passamos com a família do teu pai? Bem, a minha vida do outro lado tem sido muito pior!

ELIZA: Mas que fiz eu de tão terrível assim?

MADALENA: Eliza, Eliza… Tens muito que aprender.

CANÇÃO: OH, ELIZA, DEAR

MADALENA:

OH, ELIZA, DEAR

CAN’T YOU TAKE SOME ADVICE FROM YOUR MOTHER?

I DON’T HAVE TOO MUCH TIME

SO TAKE HEED OF WHAT I MUST SAY.

LATER ON RIGHT HERE

YOU’LL BE HAUNTED AT LENGTH BY THREE OTHERS:

THOUGH THEIR METHODS ARE STRANGE

THEY WILL HELP YOU TO CHANGE YOUR WAYS.

I’LL SPEND ALL ETERNITY

ATONING FOR WHAT I’VE DONE.

I HAVE COME HERE TO WARN YOU

IF I DON’T REFORM, YOU

WILL SUFFER A SIMILAR FATE!

YOU DON’T HAVE TO BE LIKE ME –

REDEMPTION HAS NOW BEGUN.

BUT YOU MUST TAKE TO HEART

WHAT THE SPIRITS IMPART;

LEARN YOU’R LESSON BEFORE IT’S TOO LATE!


CANÇÃO: IT’S A DREAM

ELIZA:

IT’S A DREAM! HOW CAN I BE AWAKE?

I’M JUST SUFF’RING FROM A STOMACH ACHE.

PERHAPS IT IS TIME THAT I TTRIED!

(Ela grita)

MADALENA: Grita o quanto quiseres. Não me vou embora tão facilmente.

(Ela ri-se histericamente. Nova música começa durante a qual novos fantasmas aparecem debaixo da cama e começam a andar à roda dela. Madalena desaparece lentamente para o chão enquanto se ri histericamente. Vê-se luz de novo debaixo da cama mas desta vez vermelha, acompanhada pelo som de trovões e gritos agudos dos fantasmas num crescente. ELIZA grita e os fantasmas desaparecem ao mesmo tempo que as luzes se apagam e depois a cortina fecha.

Final do Acto 1